D. Manuel Clemente fala sobre experiência vivida no Sínodo dos Bispos
Lisboa, 31 out 2015 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou que o mais recente Sínodo dos Bispos foi convocado porque a sociedade atual “é pouco sociedade”, um “problema” identificado pelo Papa Francisco que se resolve desde a família.
“As instituições tradicionais e convivências tradicionais são tratadas pelo Papa, algo que trouxe de Buenos Aires”, disse D. Manuel Clemente, esta sexta-feira, no colóquio ‘A Família: Narrativa Sinodal’ na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.
O cardeal-patriarca de Lisboa, que participou nas assembleias sinodais sobre a família (2014 e 2105), explicou que este “problema da sociedade tem de ser tratado na base”, na família onde cada um nasce.
“O espírito familiar tem de ser o princípio organizativo da Igreja”, observou, acrescentando que existe uma “desinstitucionalização geral” e a sociedade “precisa de se refazer por algum lado”.
“As comunidades cristãs e famílias cristãs retomem a plenitude da mensagem evangélica para tornar o mundo mais familiar e humano”, frisou
No colóquio ‘A Família: Narrativa Sinodal’, onde o cardeal-patriarca destacou vários números do relatório entregue ao Papa, relacionando-os com indicações concretos de ação, destacou também o método de trabalho do Sínodo dos Bispos, com duas assembleias, e vários processos de auscultação e participação.
“Na sociedade onde são poucos a tomar decisões, nem sempre certas, a Igreja deve dar exemplo. O Papa quer uma Igreja em sinodalidade”, explicou.
O cardeal-patriarca distinguiu ainda que a assembleia extraordinária de 2014 foi sobre a “incidência nos desafios” e a de 2015, entre 4 e 25 de outubro, foi sobre a vocação da família na Igreja e no mundo, num “sentido proativo, de resposta cristã a esta sociedade e aos seus problemas”.
Depois da intervenção, três «olhares» apresentaram a realidade familiar.
O diretor do Instituto Universitário de Ciências Religiosas da Faculdade de Teologia apresentou ‘A problemática sociológica da família, hoje’, contextualizando-a ao longo da história como “mudança social, o cerne das mudanças que se vive na sociedade”.
Segundo o professor Alfredo Teixeira as famílias “não são contextos passivos que absorvem o meio mas agem na construção do espaço social”.
O docente que concluiu com duas vias de diagnóstico, uma “otimista e pessimista”, dos sociólogos Anthony Giddens e Zygmunt Bauman, disse que as Igrejas estão “no centro da mudança porque participaram na construção de modelos” e “vivem um tempo desafiante”.
O sacerdote e professor Samuel Rodrigues, da Faculdade de Teologia, contextualizou ‘A tradição histórica do matrimónio’, uma “realidade humana basilar”, e a “doutrina do sacramento do matrimónio”.
Já o padre Jacinto Farias, docente da Faculdade de Teologia, abordou o tema ‘Família, problemáticas do sacramento’ e falou sobre a relação entre “sacramento e fé” e “perdão”.
Segundo o religioso da congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos), hoje “o mais grave no matrimónio é falta de fé”, o casamento visto quase como um facto “privado”.
“O matrimónio como relação entre duas pessoas não se resolve no seio das consciências, tem dimensão social e por isso envolve a Igreja e sociedade”, referiu.
O Colóquio sobre ‘A Família: Narrativa Sinodal’ foi uma organização conjunta da Sociedade Científica da UCP, da Faculdade de Teologia e do Instituto de Ciências da Família.
2
D. Antonino Dias lança o desafio de olharem para a preparação para o Matrimónio como "uma obrigação desejada e feliz"
D. Antonino Dias, Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família,
esteve no sínodo sobre a família, e escreveu aos jovens portugueses pedindo que se “preparem para formar uma família com a qual sonham”.
“Uma das grandes preocupações do Sínodo e da pastoral da Igreja, foi e é, precisamente, a de como ajudar os jovens a se prepararem para, um dia, formarem essa família com a qual sonham”, lê-se no site do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil.
D. Antonino Dias entende que há duas grandes dificuldades: uma em “convencer os jovens de que a preparação é necessária” e a outra, “não menor”, é a de “saber dar-lhes essa formação de forma inteligente e com nível”.
No texto que dirigiu à juventude o prelado defende que a constituição de uma família “exige
responsabilidade e empenho” para que venha a ser uma “comunidade de vida e de amor”.
“Não é pensando que a preparação se pode e deve evitar. Não é adiando porque é muito cedo para pensar
nisso. Não é presumindo que já se sabe tudo e que não há nada mais para aprender. Não é fazendo do
namoro um encontro a dois para a destruição de ambos, sem respeito um pelo outro”, alerta D. Antonino
Dias.
O Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família vai mais longe dizendo que é “preciso viver e
conviver com pessoas, em grupos e em comunidade cristã” com sentido de responsabilidade e abertos a
tudo quanto, de positivo, “os outros possam oferecer de bom pela vida que testemunham”.
A família como “comunidade que é preciso gerir com amor e delicadeza” e o altruísmo necessário para o
seu bem-estar, são pontos que D. Antonino foca na sua mensagem onde considera que o matrimónio e a
família “constituem um dos bens mais preciosos que temos de agradecer, defender e aplaudir.”
D. Antonino Dias lança como desafio à juventude portuguesa de não considerarem a preparação para o
matrimónio como uma opção mas “uma obrigação desejada e feliz”, uma “ajuda na formação da
afetividade, na educação para a sexualidade e para os valores humanos e cristãos”.
“Eis um sério desafio do Sínodo para os jovens: querer, exigir e abrir-se, com interesse e humildade, a uma
verdadeira preparação para o Matrimónio”, conclui.
3
D. Manuel Clemente elogia clima dos trabalhos no Vaticano e aponta prioridades após debate sobre a
família
Lisboa, 29 out 2015 (Ecclesia) - O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou hoje que a Igreja Católica tem de
“investir muito mais” na preparação para o Matrimónio e no acompanhamento da vida conjugal,
prioridades apontadas pelo Sínodo dos Bispos sobre a família.
D. Manuel Clemente falava em conferência de imprensa, a respeito das duas assembleias sinodais em que
participou, no Vaticano, a última das quais concluída este domingo.
Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, há uma maior consciência de que é preciso
preparar os católicos para assumirem as exigências de unidade, indissolubilidade e fecundidade do
Matrimónio.
“Infelizmente, o que nós verificamos em muitos casamentos sacramentais é que não houve preparação,
disposição nem compromisso”, disse aos jornalistas.
45 processos deram entrada até outubro no Tribunal Patriarcal de Lisboa, face a um total de 60, em 2014.
Nesta instituição existe um serviço gratuito de acolhimento, esclarecimento, e apoio que faz com que
avancem os processos de pedido de nulidade "que são mais fundamentados", explica um comunicado
enviado à Agência ECCLESIA.
Segundo D. Manuel Clemente, a recente alteração promovida pelo Papa, simplificando os processos
relativos à declaração de nulidade matrimonial vem ajudar a determinar se as pessoas “estavam convictas,
preparadas e em condições” para assumir o Matrimónio católico.
“Temos de ter muita atenção à verificação da validade do vínculo”, acrescentou o cardeal-patriarca.
Estas indicações, prosseguiu D. Manuel Clemente, vão implicar um esforço na habilitação de pessoas que
acompanham os processos de declaração de nulidade, acompanhado por um maior acompanhamento nas
paróquias, para que seja explicada aos noivos “a proposta católica a respeito do sacramento” do
Matrimónio.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa recordou o país viveu o fim de uma sociedade feita de
“estabilidades tradicionais” e “vinculações ancestrais”, uma sociedade que se “pulverizou” a partir dos anos
60 do século XX, com um novo “arco da vida e das expectativas” e maior centralidade da “decisão
individual”.
Além de definir “princípios gerais de elucidação e acompanhamento”, a Igreja Católica deve ter como
preocupação proporcionar “boas experiências familiares” aos mais novos, desenvolvendo esta “base
comunitária”.
Outra preocupação é a de ajudar a “organizar a sociedade em chave familiar”, nos tempos de trabalho ou
no apoio à natalidade, por exemplo, para mostrar que “é possível ser doutra maneira”.
“Há um caminho longuíssimo que nos vai envolver”, admitiu D. Manuel Clemente.
Questionado sobre as propostas do Sínodo dos Bispos a respeito dos divorciados católicos que voltaram a
casar civilmente, o cardeal-patriarca sublinha que há a intenção de que os mesmos “participem ativamente
na Igreja”, inclusive em “muitos aspetos de que estão afastados”, com exclusão da “Comunhão
sacramental”.
“Em relação à comunhão sacramental, permanece um problema doutrinal”, precisou, dado que nenhum
Sacramento “pode contrariar” outro Sacramento.
D. Manuel Clemente confessou uma “expectativa positiva” em relação ao que o Papa vai dizer a partir do
relatório final do Sínodo, “um caminho aberto que vai levar muito longe”.
O responsável falou num clima geral de “serenidade”, alheio às polémicas a chamada ‘carta dos 13’
cardeais ou a alegada doença do Papa, sem qualquer “cultura do confronto”.
4.
Padre Duarte da Cunha acompanhou trabalhos que ajudaram a reforçar papel da família na Igreja
Cidade do Vaticano, 27 out 2015 (Ecclesia)
O padre Duarte da Cunha, que acompanhou os trabalhos do Sínodo 2015 como perito nomeado pelo Papa,
considera que as três semanas de debate sobre a família realçaram a “continuidade” da doutrina católica,
superando tensões.
Em entrevista à Agência ECCLESIA e ‘Família Cristã’, o secretário do Conselho das Conferências Episcopais
Europeias (CCEE) fala em dois anos de “muita reflexão”, desde que o Papa decidiu convocar os bispos de
todo o mundo para debater a família, admitindo que “a certa altura houve uma tensão entre o que é novo
e é antigo”.
“Todo o processo foi a compreensão desta continuidade, quer desde o Evangelho até agora, do Concílio
Vaticano, da Humanae Vitae, da Familiaris Consortio. O que há de aprofundamento e de desenvolvimento,
até relativamente aos conceitos e de mudança da realidade sociológica, não está em contradição com
aquilo que é a continuidade”, precisa o especialista.
O sacerdote português refere que no ensinamento dos últimos Papas, “com as diferenças necessárias”,
houve “uma continuidade, quer do amor à família, quer da verdade da família, de conceitos da teologia
moral que são sempre válidos, mas que não podem ser sempre ditos da mesma maneira”.
Nos trabalhos da 14ª assembleia geral ordinária do Sínodo, este responsável encontrou participantes com
um conhecimento concreto da doutrina, como no caso do planeamento familiar natural, contrariando a
crítica de estarem apegados a conceitos mas longe da realidade.
“Depois há os outros mais aplicados à realidade, mais sensíveis aos problemas e que às vezes
aparentemente descuram mais a doutrina. Isto também não é verdade”, prosseguiu.
No final do Sínodo, o relatório entregue ao Papa foi aprovado por unanimidade, símbolo da unidade e do
“bom ambiente” com que decorreram os trabalhos.
O sacerdote português observa que a assembleia sinodal que se concluiu no domingo “exige que a pastoral,
a moral, não sejam desligadas da reflexão teológica, doutrinal, sociológica do que é a realidade da família”.
“Isso foi algo que ao longo do processo dos dois anos às vezes parecia que estava em tensão, daí a
insistência: não são duas coisas distintas, coisas separáveis”, relata.
Para o secretário do CCEE, é necessário compreender que “a moral é sempre consequência do ser” e que,
no caso das famílias, as normas se referem à forma como “cada pessoa dentro desta realidade tem relações
e dentro dessas relações qual é o comportamento”.
“A moral só se compreende, não porque se olha para a regras que são importantes, mas porque olhando
para as relações reais, se percebe qual é o ideal, o que se deve fazer, o que Deus recomenda. Depois
também se percebe que há coisas que são objetivamente más, não se podem fazer”, explica.
Dos pontos conclusivos, o padre Duarte da Cunha realça a preocupação com a formação de “comunidades
de famílias” que sejam também o lugar onde se prepara para o casamento, “que os noivos sejam
preparados para o casamento integrando uma equipa de casais da paróquia ou da associação”.
Outro aspeto que não era “tão evidente” está relacionado com o “dinamismo da família” como sujeito da
pastoral do setor.
“Também há uma mudança da perspetiva da família, não só como tema moral mas também como dinâmica
de amor, de misericórdia”, conclui.
5.
Responsável pelo setor na Conferência Episcopal Portuguesa traz preocupação por criar «novos
caminhos»
Cidade do Vaticano, 26 out 2015 (Ecclesia) - O presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família
(CELF), D. Antonino Dias, escolhe a preparação “mais insistente e permanente” para o Matrimónio como
uma das prioridades depois do Sínodo dos Bispos que decorreu no Vaticano.
“É uma área onde precisamos de investir muito, porque muita gente se aproxima do sacramento sem fazer
ideia do que isso é. Não podemos supor, temos de formar”, disse o bispo de Portalegre-Castelo Branco, em
declarações à Agência ECCLESIA e Família Cristã.
Depois de ter participado nas três semanas de trabalho da assembleia sinodal sobre a vocação e a missão
da família, o prelado sustenta que os debates “não foram para ganhar ou perder”, mas para procurar
“caminhos de pastoral”.
“Não é tanto na doutrina, mas como levar a doutrina à prática”, precisa.
A este respeito, o presidente da CELF, organismo do episcopado católico português, sublinha a importância
de acompanhar quem faz a opção de casar e “reestruturar a preparação para o Matrimónio.
“Esse é o grande desafio. As pessoas não podem aproximar-se para celebrar um sacramento se saberem o
que ele implica, sem essa consciência. E não só o sacramento, mas saber que têm de fazer da família uma
comunidade de vida e de amor”, assinala.
O bispo de Portalegre-Castelo Branco defende que o mais importante é que “as pessoas sejam felizes” e,
assim, entendam que a indissolubilidade matrimonial “não é um jugo, é um dom”.
O responsável admite que nem sempre tem sido possível fazer uma preparação “remota” para o
Matrimónio, pelo que muitos noivos chegam à Igreja sem saber o que vão fazer.
“Tem de haver aí uma pedagogia muito importante”, reforça.
“É importante que aqueles que se preparam para o matrimónio se insiram nas suas comunidades com
alegria, com responsabilidade”, acrescenta o prelado.
Segundo o presidente da CELF, a família “tem de assumir a sua quota-parte de colaboração” na
evangelização, a começar por casa, “abrindo-se à comunidade e prestando um contributo muito
importante, experiencial”.
“Isso pode ajudar muito os casais novos a valorizar o que é importante no sacramento do Matrimónio e na
própria família, acrescentou.
Falando dos leigos como um “gigante adormecido” na ação da Igreja Católica, D. Antonino Dias deixa votos
de que depois deste Sínodo todos se comprometam em “fazer da comunidade paroquial uma família mais
alargada, uma família de famílias”.
6.
D. Raymundo Damasceno Assis elogia propósito de «integração» e acompanhamento
Cidade do Vaticano, 26 out 2015 (ECCLESIA) - O cardeal Raymundo Damasceno Assis, presidente-delegado
do Sínodo 2015, afirmou que o “caminho de discernimento” proposto aos divorciados recasados pode
levar, em casos pontuais, à admissão dos mesmos à Confissão e Comunhão.
“Aos poucos, no contacto com quem que deseje ser acompanhado e fazer um discernimento sobre a sua
situação, quem sabe, num caso ou noutro, poderá chegar até à possibilidade da Comunhão ou da
Confissão”, disse à Agência ECCLESIA e 'Família Cristã', após o final dos trabalhos, que decorreram entre os
dias 4 e 25 deste mês.
O arcebispo de Aparecida (Brasil) sublinha que o Sínodo não estabelece “nenhuma referência” direta nesse
sentido, centrando-se antes na “integração” dos católicos em segunda união, “abrindo espaços para eles,
evitando qualquer tipo de escândalo, com a possibilidade de participarem nos ministérios e de se
integrarem na vida da comunidade”.
“Quando não há escândalo, e eles querem e desejam, são casais maduros que estão dispostos a participar
na comunidade e a receber o ensinamento da Igreja em comunhão com ela, esses casais poderão participar
em serviços e ministérios”, acrescentou.
O relatório final do Sínodo dos Bispos sobre a Família, entregue ao Papa, propõe um “caminho de
discernimento” para os católicos divorciados que voltaram a casar civilmente e refere que é missão dos
padres “acompanhar as pessoas” neste caminho, “segundo o ensinamento da Igreja e as orientações do
bispo”.
Na conclusão de três semanas de trabalho à porta fechada, 178 dos 265 participantes (mais um voto do
que os necessários para a maioria de dois terços) aprovaram o número 85, em que se apela a um “exame
de consciência” das pessoas em causa sobre a forma como trataram os seus filhos ou como viveram a “crise
conjugal”.
D. Raymundo Damasceno Assis sublinha que a intenção não é “generalizar as situações dos casais que
vivem uma segunda união”, porque cada um “tem uma situação muito concreta, muito especial, com todas
as circunstâncias que rodeiam a vida dessa pessoa”.
“Isso tem de ser examinado com um discernimento sério, objetivo, uma consciência bem formada, aberta
também à vontade de Deus, para que se possa chegar a uma conclusão mediante a decisão de um
confessor ou de um orientador espiritual, que possa acompanhar o casal nessa situação, se assim o
desejar”, explicou.
Em relação aos trabalhos, um dos quatro presidentes-delegados do Sínodo elogiou a metodologia adotada,
com um maior número de encontros por grupos linguísticos, confiando que o Papa tome decisões a partir
das propostas que os bispos aprovaram.
“Sabemos que o Sínodo é consultivo, não é deliberativo. São estudos e propostas que os padres sinodais
oferecem ao Papa, a quem cabe agora tomar alguma decisão no sentido de publicar uma exortação pós-
sinodal ou qualquer outro tipo de documento para que então as conclusões possam tornar-se efetivas nas
nossas dioceses e nas nossas paróquias”, precisou o cardeal brasileiro.
Para este responsável, o documento conclusivo do Sínodo está marcado por “uma dimensão da
misericórdia, da ternura da Igreja, sobretudo com aquelas famílias mais sofridas e que estão em situações
mais difíceis”, como é o caso das famílias dos migrantes, de quem sofre pobreza extrema, as vítimas da
violência e da perseguição, e as pessoas que vivem “situações especiais na sua vida matrimonial”.
“O Sínodo fala muito do discernimento, porque cada caso é um caso”, conclui.
7.
Relatório final reafirma «tolerância zero» para casos de abusos sexuais
Cidade do Vaticano, 25 out 2015 (Ecclesia) – O Sínodo dos Bispos sobre a família, que o Papa encerrou hoje,
deixou uma mensagem de solidariedade às vítimas de violência doméstica e de maus-tratos, além de
reafirmar “tolerância zero” para casos de abusos sexuais.
“A prevenção e a resposta aos casos de violência familiar exigem uma colaboração estreita com a justiça
para agir contra os responsáveis e proteger adequadamente as vítimas”, refere o relatório final, com 94
pontos, entregue a Francisco.
Os participantes dos cinco continentes, reunidos no Vaticano desde 4 de outubro, defendem também a
necessidade de promover a proteção dos menores de abusos sexuais.
“Que seja mantida na Igreja a tolerância zero nestes casos, juntamente com o acompanhamento das
famílias”, propõem.
O texto sugere um “ministério” específico nas comunidades católicas para os que vivem crises
matrimoniais, o “drama da separação” e para as famílias monoparentais.
Neste sentido, alude-se à situação de quem foi “abandonado” e de quem foi “obrigado a interromper uma
relação marcada por contínuos e graves maus-tratos”.
Para esta ação específica são propostos “centros de escuta e mediação especializados”, em cada diocese,
que ajudem à reconciliação matrimonial.
“A experiência mostra que com uma ajuda adequada e com a ação reconciliadora da graça do Espírito
Santo, uma grande percentagem das crises matrimoniais são superadas de forma satisfatória”, pode ler-se
O documento conclusivo da assembleia sinodal recorda que é sempre necessário, na vida familiar, um
desejo de conversão e de perdão, mesmo nos casos “mais dolorosos”, como os de “infidelidade conjugal”
Quando a relação chega ao fim, contudo, a Igreja “sente o dever de acompanhar este momento de
sofrimento”, procurando evitar conflitos, com “particular atenção” para os filhos.
“A comunidade cristã e os seus pastores têm o dever de pedir aos cônjuges separados e divorciados que se
tratem com respeito e misericórdia, sobretudo pelo bem dos filhos”, sublinha o relatório final.
A este respeito, sugere-se que estas pessoas procurem “caminhos espirituais, acompanhados por ministros
especializados”.
O documento lembra ainda a recente alteração jurídica promovida pelo Papa a respeito dos processos para
a “eventual declaração de nulidade matrimonial”.
Os participantes no Sínodo deixam o seu reconhecimento aos que, tendo vivido situações difíceis, optam
por não começar uma nova relação, “permanecendo fiéis ao vínculo sacramental”.
Outro tema abordado é o das famílias em que existe um “prolongado afastamento físico” de um dos seus
membros, como acontece com os militares em combate.
“Regressados dos ambientes de guerra, eles são muitas vezes afetados por uma síndrome pós-traumática”,
alertam os participantes no Sínodo, pedindo um acompanhamento pastoral específico para estes casos.