Jesus Cristo é Sacerdote e é vítima
Um sacerdote é aquele que oferece sacrifícios pelos pecados, antes de mais pelos seus e, em segundo lugar pelo seu próprio povo. “Tendo nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus, Filho de Deus, permaneçamos firmes na profissão da nossa fé. Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de Se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, excepto no pecado”(Heb 4,14-15).
Por tudo o que conhecemos da vida de Jesus Ele experimentou todos os sofrimentos da humanidade. Ele sabe bem o que é o sofrimento: saiu da sua terra, foi exilado, perseguido até à morte, traído, abandonado, martirizado, crucificado e morto. «Vimo-lo sem aspecto atraente, desprezado e abandonado pelos homens, como alguém cheio de dores, habituado ao sofrimento, diante do qual se tapa o rosto, menosprezado e desconsiderado»(Is 53,3).
No seu sofrimento de Jesus vemos todos os que ainda hoje sofrem o exílio, a perseguição, a traição, o abandono, a rejeição. No sofrimento de Jesus estão presentes também todos os milhares de mutilados das guerras, os que foram mortos pelo aborto, os que foram vítimas da sida, das drogas e do álcool. Em Jesus que sofre estão presentes todos os doentes, as crianças e os jovens cujos pais ignoram o seu paradeiro, os idosos abandonados pelos filhos e os doentes abandonados pela família. Na Paixão de Jesus está presente a paixão do mundo. O mundo voltou as costas ao projecto salvador de Deus. Por isso a Paixão de Cristo ainda continua.
«Na verdade, ele tomou sobre si as nossas doenças, carregou as nossas dores. Foi ferido por causa dos nossos crimes, esmagado por causa das nossas iniquidades. O castigo que nos salva caiu sobre ele, fomos curados pelas suas chagas. Foi maltratado, mas humilhou-se e não abriu a boca»(Cf Is 53, 4-7).
Já que temos tão grande sacerdote a interceder por nós junto do Pai « Aproximemo-nos, então, com grande confiança, do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e encontrar graça para uma ajuda oportuna»(Heb 4,16).
O trono da graça é a cruz, o trono da graça é o sacrifício de Jesus em cada eucaristia por nós. O trono da graça é a vida de Deus em nós. Por Cristo temos acesso a essa graça. Não olhemos a cruz como um simples objecto de adorno, mas olhemo-la e beijemo-la com muito amor, porque a cruz de Cristo significa o maior acto de amor. Não há maior amor que dar a vida por quem se ama. Deus prova assim o Seu amor por nós. Apesar de não O amarmos Ele deu a vida por nós.
P. Luís Pinho