Evangelho segundo S. João Capítulo 10
vv. 27-30 - Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João Naquele tempo, disse Jesus: «As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão-de perecer e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que Mas deu, é maior do que todos e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai. Eu e o Pai somos um só». Palavra da salvação.
Há cristãos, que o são, apenas porque um dia foram batizados. Outros ainda fizeram a primeira Comunhão.
Há cristãos, que o são, só porque vêm à Igreja para serem batizados, para se casarem e um dia quando for o dia do seu funeral.
Há cristãos, que o são, só porque vêm à Missa nas festas e nos funerais e nada mais.
Há cristãos, que o são, porque sentem o dever de cumprirem a missa dos domingos, mas não se confessam, nem comungam e não participam e mais nada. Ora isso é bem pouco.
Há cristãos, que o são, porque sentem o dever de incarnar a fé na sua vida, vivem como cristãos, pensam como cristãos, participam em todos os atos da vida da Igreja e amam profundamente a Igreja e os seus pastores.
Que género de cristãos somos nós?
Ouçamos o que Jesus diz no Evangelho de hoje: «As minhas ovelhas escutam a minha voz: Eu conheço-as e elas seguem-me.»(Jo 10, 27)
Estas são as questões que nos devemos colocar: escutamos a voz do Senhor? Conhecemos a Sua voz e seguimo-Lo ou vamos atrás de outros pastores estranhos? Damos ouvidos às pessoas que nos aparecem à porta a anunciar outras religiões e outros pastores?
Ninguém se iluda. Há um único Pastor que é Cristo. Ele é o nosso Pastor. Temos que O conhecer bem e segui-Lo. Porque é que então algumas pessoas não O seguem? Extamente porque não O conhecem, não conhecem a Sua voz. Quando conhecemos bem uma pessoa, conhecemos a voz dessa pessoa e não a confundimos com estranhos. Quem aceitou a palavra de Jesus e aderiu à Sua Pessoa, fica estreitamente unido a Ele. Jesus comunica àquele que acredita n’Ele a Sua vida, a mesma vida de Deus, a vida que não morre.
Quem está assim unido com Cristo sente-se já salvo e, mesmo no meio das dificuldades da vida, experimenta uma grande segurança.
Um cristão não está isento de dificuldades, mas enfrenta-as com a ajuda do Bom Pastor. Um cristão não está isento de sofrimentos, mas enfrenta-os com coragem, porque o Bom Pastor deu a vida por nós. Um cristão não isento de calúnias e perseguições. Todos sabemos que Jesus foi caluniado e perseguido até à morte.
Para sermos cristãos devemos seguir o Mestre em toda a nossa vida para que depois estejamos também onde Ele agora está na glória do Pai.
P. Luís Pinho
Do Evangelho de João : Jo 13,31-35
- 31Depois de Judas ter saído, Jesus disse: «Agora é que se revela a glória do Filho do Homem e assim se revela nele a glória de Deus. 32E, se Deus revela nele a sua glória, também o próprio Deus revelará a glória do Filho do Homem, e há-de revelá-la muito em breve.»
- 33«Filhinhos, já pouco tempo vou estar convosco. Haveis de me procurar, e, assim como Eu disse aos judeus: ‘Para onde Eu for vós não podereis ir’, também agora o digo a vós. 34Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. 35Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.»
Reflexão:
Um cristão tem de amar a Deus e amar a Igreja como a sua casa, a sua família. O amor tem de ser a nossa prática diária. Não somos cristãos por usarmos uma cruz ou fazermos uns quantos atos religiosos. O que nos faz cristãos é aforma como nos amamos. É por isso isto que o mundo há-de conhecer que somos discípulos de Jesus: se nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou.
É o amor que nos distingue, que nos identifica; quem não aceita o amor, não pode integrar a comunidade cristã.
A nossa religião é a religião do amor, ou é a religião das leis, das exigências, dos ritos externos? Com que força nos impomos no mundo – a força do amor, ou a força da autoridade prepotente e dos privilégios?
A palavra “amor” é, tantas vezes, usada para definir comportamentos egoístas, interesseiros, que usam o outro, que fazem mal, que limitam horizontes, que roubam a liberdade… Mas o amor de que Jesus fala é o amor que acolhe, que se faz serviço, que respeita a dignidade e a liberdade dos outros, que não discrimina nem marginaliza, que se faz dom total (até à morte) para que os outros tenham mais vida.
Como cristãos temos de testemunhar, com gestos concretos, o amor de Deus; temos de demonstrar ao mundo que é possível o amor e que os homens podem ser irmãos.
Nos nossos comportamentos e atitudes uns para com os outros, os homens descobrem a presença do amor de Deus no mundo?
O egoísmo, as divisões, os conflitos, as lutas pelo poder, não podem existir na nossa igreja. São chagas que dão mau exemplo da Igreja e a impedem de dar testemunho do mundo novo que nos espera.
Que cada um de nós seja uma imagem de amor, que só demos palavras de amor e que só tenhamos gestos de amor e assim o mundo acreditará.
P. Luís Pinho
Do Evangelho de João: Jo 14,23-29
“Respondeu-lhe Jesus: «Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada. Quem não me tem amor não guarda as minhas palavras; e a palavra que ouvis não é minha, mas é do Pai, que me enviou.»
Segunda promessa do Espírito - «Fui-vos revelando estas coisas enquanto tenho permanecido convosco; mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo, e há-de recordar-vos tudo o que Eu vos disse.»
Jesus deixa a sua paz - «Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz. Não é como a dá o mundo, que Eu vo-la dou. Não se perturbe o vosso coração nem se acobarde. Ouvistes o que Eu vos disse: ‘Eu vou, mas voltarei a vós.’ Se me tivésseis amor, havíeis de alegrar-vos por Eu ir para o Pai, pois o Pai é mais do que Eu. Digo-vo-lo agora, antes que aconteça, para crerdes quando isso acontecer”.
Reflexão
A Igreja desde o início sempre foi animada pelo Espírito Santo, que inspirou as suas decisões e sustentou a actividade missionária dos discípulos. Por isso, a fé cristã se espalhou rapidamente por toda a parte.
A Igreja aparece-nos assim, desde os seus primeiros dias, como uma comunidade sem fronteiras, aberta a todos as pessoas, de qualquer raça ou cultura unida no amor e na fidelidade ao que Jesus ensinou e que os Apóstolos nos transmitiram.
Foi sempre o Espírito Santo que inspirou todas as decisões que os Apóstolos tiveram que tomar, sobretudo quando outros povos, que não eram judeus e também se converteram. Os Apóstolos, inspirados pelo Espírito Santo, decidiram não impor aos novos cristãos qualquer obrigação que não fosse aquilo que Jesus ensinou.
Ao longo dos séculos sempre a Igreja passou por dificuldades, provações de toda a espécie e foi sempre graças ao Espírito Santo que todas as crises foram vencidas. Hoje a Igreja está mais pura, mais fiel ao Senhor e livre de servilismos ao poder dos grandes senhores, que a querem colocar ao serviço dos seus interesses. Mesmo hoje não faltam governantes, que se querem servir da Igreja para levar por diante os seus propósitos, mas, graças a Deus, a Igreja pode e deve anunciar hoje o Evangelho com a mesma coragem que teve no início.
A Igreja é a nova Jerusalém, alicerçada sobre a fé dos Apóstolos, na qual se reunirão, chamados por Cristo Ressuscitado, os homens dos quatro cantos da terra, para viverem em comunhão perfeita com Deus e com os irmãos. No entanto ela está ainda a caminhar, na humildade e na dor ao longo dos séculos, na esperança de resplandecer de glória, quando chegar a plenitude dos tempos. A nova Jerusalém, a Igreja, está ainda em construção e cada um de nós é uma pedra viva dessa morada de Deus, pedra trabalhada pelo Espírito Santo, recebido no Baptismo e no Crisma.
Depois de terminar o primeiro discurso de despedida, depois da última Ceia, Jesus prometeu aos Seus discípulos o Espírito Santo, que lhes faria compreender, perfeitamente, a Sua mensagem, os ajudaria a viver o Evangelho em todas as circunstâncias e os manteria em comunhão com Deus e os irmãos, de modo a gozarem sempre aquela paz, que em si encerra todos os bens.
Hoje temos a certeza da presença do Espírito Santo na Igreja e em todos os crentes. Podemos portanto, manter-nos confiantes e alegres, por maiores que sejam as transformações por que passe a sociedade e por maiores que sejam as dificuldades que a Igreja conheça.
Jesus diz-nos hoje: «Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada. Quem Me não ama não guarda a minha palavra».(Jo 14,23) Nunca estamos sós. Se amamos o Senhor e guardamos a Sua Palavra tornamos-nos habitação de Deus, casa de Deus: «Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada».
É esta a certeza que temos na nossa fé. Temos a assistência do Espírito Santo e podemos ser a morada de Deus. Podemos ser essa Jerusalém nova de que fala a segunda leitura de hoje, essa cidade, que «não precisa da luz do sol nem da lua, porque a glória de Deus a ilumina e a sua lâmpada é o Cordeiro».(Ap 21,23)
P. Luís Pinho