Creio na ressurreição da carne e na vida eterna.
Assim dizemos nós cada vez que recitamos o Credo da nossa fé. O Credo é um resumo de tudo aquilo que um cristão deve acreditar e que nos deixado pelos Apóstolos que conviveram com Jesus Cristo.
Ser cristão é, por isso, acreditar em tudo aquilo que Deus nos revelou e a Igreja nos ensina.
Ao professarmos a fé na ressurreição devemos acreditar em tudo aquilo que isso significa para a nossa vida atual. No Evangelho, Jesus garante que a ressurreição é a realidade que nos espera. No entanto, não vale a pena estar a julgar e a imaginar essa realidade à luz das coisas que nós conhecemos e que marcam a nossa existência finita e limitada neste mundo; a nossa existência de ressuscitados será uma existência plena, total, nova. A forma como isso acontecerá é um mistério; mas a ressurreição é uma certeza absoluta no horizonte do crente.
Cada um de nós deve viver a sua vida neste mundo, como se fosse uma caminhada em que vamos na estrada e, a certa altura há uma curva em que os nossos familiares e amigos deixam de nos ver, mas nós lá estamos, além da curva. A estrada da vida é a mesma, mas os nossos amigos deixaram de nos ver. Isso é o que acontece quando alguém morre. Deixámos de ver aquela pessoa, mas ela apenas continua mais além. Com certeza já vê aquilo que nós não vemos e já sente aquilo que nós sentimos, como diz o Apóstolo Paulo : «O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, o coração do homem não pressentiu, isso Deus preparou para aqueles que o amam.»( 1 Cor 2,9).
O que é a vida eterna?
O Papa Bento XVI, no livro Jesus de Nazaré II , diz que a “vida eterna não significa uma vida que vem depois da morte, mas uma realidade que já pode ser vivida neste tempo e que a morte física não pode interromper”. Nesse sentido, o que vivemos aqui na terra é um antegozo do céu, antegozo que vivemos quando nos abrimos ao amor de Deus. Ou seja, desde que fomos batizados e vivemos no amor de Deus e na graça de Deus, já estamos a usufruir da vida eterna. Mesmo que a pessoa estea a sofrer, pode experimentar essa ligação profunda com Deus, como Jesus quando estava na Cruz e niunca deixou de estar em união com o Pai..
Diz-nos S. Paulo:«Por isso desanimamos, e mesmo se, em nós, o homem exterior vai caminhando para a ruína, o homem interior renova-se, dia após dia.Não olhamos para as coisas visíveis, mas para as invisíveis, porque as visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas».( 2 Cor 4,16.18)
A leitura do livro dos Macabeus(2 Mac 7,1-2.9-14) fala-nos de 7 irmãos, que deram a vida pela sua fé na vida eterna. Aquilo que motivou os sete irmãos mártires, que lhes deu força para enfrentar a tortura e a morte foi, precisamente, a certeza de que Deus reserva a vida eterna àqueles que, neste mundo, Lhe foram fiéis.
É a esperança na ressurreição e na vida eterna que dá sentido a toda a nossa caminhada de cristãos. A fé cristã torna a esperança da ressurreição uma certeza absoluta, pois Cristo ressuscitou e quem se identifica com Cristo nascerá com Ele para a vida nova e definitiva. A nossa vida presente deve ser, pois, uma caminhada tranquila, confiante, alegre – ainda quando feita no sofrimento e na dor – em direcção a essa nova realidade.
Somos, portanto, convidados a manter o diálogo e a comunhão com Deus, enquanto esperamos que chegue a nossa hora de nos encontrarmos face a face com Cristo e com a vida nova que Deus nos reserva. Só com uma vida de fidelidade a Deus no trabalho e com a oração, será possível mantermo-nos fiéis ao Evangelho e ter a coragem de anunciar a todos os homens a Boa Nova da salvação.
Souselas
P. Luís Pinho